fevereiro 08, 2021

Do meu jeito

 Cheguei do outro lado.

 Fiz toda a travessia só.

 E vejo a distância percorrida sem nenhuma emoção.

 Fui esvaziando os pesos, as tralhas, tudo que fui acumulando nesse tempo.

 Fiz faxina para você chegar.

 Comprei novas flores, me vesti de outras cores, abri todas as janelas, ouvi outras músicas, cantei com mais empolgação.

  Me vi admirada por outras mulheres.

  Mimada.

  Senti a força de uma maneira tão natural.

  Me peguei discutindo filosofia sem nenhuma pretensão.

  Falei sobre Deus, deuses e deusas com um teólogo.

  Me elogiaram a alma. A calma. A inteligência e a elegância do comportamento.

  Fiquei sem graça.

  Meus ouvidos queriam ouvir o que mais poderiam me ensinar.

  Eu não falei quase nada, mas observei muito e me chamaram de analítica.

  Não era isso.

  Era um cuidado. Era um instinto de defesa para muita intimidade.

  Nunca deixei de ser autêntica. Nunca desacreditei.

  Eu apenas esperei o momento certo para me pronunciar.

  E então me senti tão leve e tão liberta para apenas sorrir, viver e ser do jeitinho que sempre gostei.

  




  

  

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 Aprendi com o sofrimento que nunca devo ter medo de perder alguém.  O que devo temer, é perder a mim mesma.