Falamos mais das nossas alegrias do que das tristezas.

 Consideramos muito mais o positivo do que o negativo.

 E então perdemos o melhor, o aprendizado.

 Deixamos passar o essencial por pura distração do ego.

 Desconsideramos o que importa para nos colocar no papel de vítima. 

 A história se faz quando assumimos o nosso protagonismo.

 Sou imensamente grata à todos aqueles que me ajudaram a trilhar o caminho de dentro.

 Uns trouxeram sol, outros fizeram chover, mas tudo me acrescentou.

 Vivi muitas estações e em todas elas aproveitei o clima.

 Nunca fui de me lamentar, gosto mesmo é de viver.

 Eu amei como se nunca mais fosse amar de novo. 

 E realmente, nunca mais.

 O inverno para mim é um tempo de recolhimento.

 Meu corpo pede descanso.

 Minha alma pede silêncio.

 Há uma fresta de sol nas minhas nebulosidades.

 Estou me dando tudo aquilo que um dia esperei de alguém.

 Estou me dando aconchego, suavidade e carinho.

 Estou aquecendo a minha alma com vinhos e ternura.

 Estou me aninhando e descansando como se deitasse em meu próprio colo.

 Estou me cuidando e admirando esse tempo.

 Eu me recolho no inverno, para estar ainda mais apaixonada no verão, por mim.

 Quando as mudanças acontecem, elas não são as mudanças dos outros.

São as minhas, que poucos acompanham.

Um dia eu tive a pretensão de permanecer a mesma, hoje, eu me recuso! 

 Quero as minhas sinapses fazendo filhos múltiplos, com os efeitos que só a novidade traz.

 O tempo me diz mais sobre mim mesma do que sobre qualquer outra pessoa.

De tudo sei quase nada.

 Das minhas falas, me arrependo do que falei.

 Do que me calei, nunca.

Mais e melhor

 Um novo tempo é sempre cercado de novos fatos.

 Sou a soma do que fui ou sou uma nova versão?

 Se está nos planos não carregar o passado, então sou uma versão que nunca existiu.

 Passo a viver uma nova existência, com tudo que me é de direito, com tudo que me descubro merecedora.

 Como será? 

 Não sei. 

 Mas sempre acredito que ainda é melhor do que qualquer uma que fui. 

Vou sair por aí.

Retomar as minhas conexões.

Eu sou mais eu perto da natureza.

Imparcial

Ele perguntou o que me fez endurecer.

Endurecer não seria a palavra mais certa. 

Mas sim, eu mudei, eu não tenho mais aquela positividade tóxica.

Vejo sempre o lado bom de tudo, mas também faço questão de conhecer o lado ruim.