Da mesma maneira que nos faltam as palavras, quando precisamos nos posicionar, em alguns momentos elas simplesmente fluem.
É tempo de se expressar com beleza e clareza.
Da mesma maneira que nos faltam as palavras, quando precisamos nos posicionar, em alguns momentos elas simplesmente fluem.
É tempo de se expressar com beleza e clareza.
Quanto mais corrida minha vida fica, mais agradecida eu me sinto.
É uma maneira com que fui presenteada para não pensar.
É uma maneira de seguir.
As demandas são tantas e é como se alguém me dissesse: vai!
Depois de tanto seguir, uma hora a gente chega em um ponto em que ou te alcançam ou não se tem mais como voltar para trás.
As palavras me encontram sempre.
Por mais que eu não queira.
Por mais que o tempo me consuma.
Elas simplesmente chegam e se acomodam.
Já passamos por muitas fases.
Mas elas me resgatam dos meus silêncios.
Palavras estão em todo canto. Nos muros, nos corpos e na minha mente.
Esvazio e me refaço.
Do que não me curo, elas me libertam.
Do que não escrevo, elas me sufocam.
Do que chega, solto-as.
Precisei relembrar tudo de novo hoje.
De 1995 à 2019, mas de uma maneira simples, humanizada e nada, nada afetada.
Me passou um filme pela cabeça, ano por ano, algumas lembranças permanecem vivas dentro de mim.
Exemplos do que ser e do que não ser.
Sou bem diferente do modelo criado. Onde desfilam grifes, viagens, poses e protocolos.
Eu vou no cerne da questão. Acho que não cabem mais estes modelos ultrapassados, onde muito se ostenta, onde as vaidades desfilam, onde há excesso de glamour e falta de humanidade.
Lições que trago da vida e que aplico no meio corporativo.
Quando falamos em relacionamentos, sejam eles de que natureza for, o que todo mundo quer é ser bem tratado.
E isso é ponto comum, não se discute.
Quero mais do que um cargo me oferece.
Quero ter a experiência e oferecer também.
Na essência humana não precisamos de nada além daqueles que amamos e nos amam com a alma entregue.
Como é simples e gostosa a companhia do aconchego.
O conforto sem esforços.
O sentir-se amada e bem vinda.
Como é bom estar entre afetos.
Vejo tanto querer bem em forma de gentilezas.
Oferecer a cada um algo de seu agrado.
Somos sobreviventes e também vencedores deste núcleo.
Cheio de histórias, de vivência, de olhares sobre o mesmo episódio.
Gosto de saber mais sobre um tempo que já não me lembro, ele diz muito sobre a pessoa que me tornei.
Minha ferida de abandono, tem suas causas.
E ter conhecimento disso me faz compreender alguns dos meus desafios.
E qual é o mal em sempre querer mais?
Uma ansiedade mascarada com a pressa ou a pressa mascarada de ansiedade?
Que mal há em querer e querer cada vez mais?
Não compare.
Sou forte, sou frágil, sou sensível e mais muitas coisas e muitas mulheres.
E algumas vezes me descuido.
E depois volto a me cuidar de novo.
No meio das ocupações, dos papéis e personagens, no meio dos vínculos, dos assuntos e também da falta deles, quem é esta mulher e a quem me refiro?
Entre solicitações e atendimentos.
Entre o falar e o calar.
Entre o riso fácil e nervoso, que fica ali, bem próximo de um nó na garganta e uma lágrima rolando.
Entre as certezas quase que absolutas e um medo de errar.
Entre tantas, qual a sua mulher preferida?
Aquela que teme e a que vai.
A que vai na chuva e no sol.
A que fica entediada e a que se sobrecarrega.
Qual é a sua preferida?
A que morre na praia ou a que morre depois de beber o mar?
Um cansaço.
Melhor resumir: estou cansada.
Do que tento explicar, do que tento descobrir os porquês, apenas repeti: estou cansada.
Gosto de não explicar tanto. As muitas perguntas me cansam também!
Mas compartilhar é também se livrar de alguns pesos.
Com o tempo fui aprendendo a comunicar ou não os meus desconfortos.
Sensibilidade demais.
Percepções demasiadamente assertivas e previsões certeiras.
Sou boa em conexões.
Não porque desenvolvi uma habilidade, mas porque finalmente descobri o que chamavam de especial.
Nunca consegui compreender o que havia de tão especial.
E então você me coloca na frente de um espelho de dois metros por um e diz: olhe-se.
E foi aí que me dei conta de quem sou.
Sempre anota as coisas? Sempre! Desde sempre!
E então começamos a compreender o que se esconde por trás do cansaço.
E fomos dando nome aos bois.
Olhe-se no espelho de novo.
E lá fui eu de novo, ainda estranhamente desconfiada, fiquei um tempo maior e olhei tudo, cada milímetro, como uma grande novidade.
Insights.
Lembranças.
Pessoas.
Olhe-se mais um pouco.
O caminho.
As crenças.
A falta total de paciência.
E pela última vez você repetiu: olhe-se!
E então eu respirei bem fundo, já impaciente e ansiosa pela sua resposta. Afinal de contas, você já sabe me ler.
“Cris, por favor, olhe-se mais no espelho!”
Um dia cheio de presença é um dia que vale a pena ser vivido.
Do meu pouco tempo, a minha presença é o que de mais valioso tenho para te oferecer.
Meu tempo de qualidade, a minha preferida linguagem de amor.
Sou toda ouvidos, sentidos e presença.
Do meu pouco tempo te ofereço a minha melhor versão.
Porque me sinto à vontade, me sinto leve, me sinto feliz em compartilhar afinidades, histórias, vida!
Sim, a vida toda. Com algumas coisas não tão boas também.
Mas a vida como gosto, sem filtros e com muitos brindes.
Com mesa farta, espumante, rosé e tinto.
Com café e bolo.
Com sorrisos, com afeto, com açúcar.
Com tudo que me refaz, me alegra, me renova e me faz sentir que estou vivendo.
Tento ser simples. Mas sempre gostam de me rotular, mesmo que seja algo que pareça um elogio. Ainda assim é um rótulo.
Vamos esquecer os rótulos. O foco deve ser a rolha!
Eu preciso te dar parabéns!
Não somente uma vez, mas muitas.
Você tem me saído melhor do que o esperado, gosto de ver você rindo e driblando às adversidades.
Gosto de ver como é habilidosa em tempos incertos.
Gosto de ver você brilhar e fazer outras pessoas brilharem também.
Minha querida eu, ter chegado ao fundo do poço te fez conhecer este lugar frio e escuro e ter a certeza de que o seu lugar não é lá.
Ter experimentado lugares apertados te trouxe a certeza de que é liberta que você é feliz.
Ter perdido a paciência te fez compreender do quão importante ela é para que você não perca a sua razão.
E ser manipulada fez com que você finalmente entendesse que seu papel é conduzir.
Minha querida eu, vamos brindar o nosso agora.
Este é o único tempo que temos, portanto, não há o que lamentar e nem tão pouco sonhar.
Planeje, eu sei que você gosta disso. Mas viva o agora como se fosse a última coisa a ser feita. De repente, é!
Viva com responsabilidade, mas sem chatice, por favor.
Seja leve.
Seja breve onde não houver afinidades, compreensão e admiração.
E seja você minha querida eu.
Seja sempre você e nunca mais se perca de você mesma.
Você não mais precisa disso para poder se encontrar.
É viciante.
A sensação de abraçar a vida e fazer o que dela bem quiser.
Com todos aqueles sonhos, que você pensava serem grandes demais, palpáveis e possíveis hoje.
Lembra quando você escrevia e projetava tudo no papel?
Desde cedo você já sabia o queria.
Só não imaginava que aconteceriam assim...
Lembra que você precisou de remédio para dormir, para esquecer um dia ruim?
Em um dia como hoje você toma meio para desligar, porque a cabeça fervilha quando deita no travesseiro.
As possibilidades são tantas que lhe tiram completamente o sono.
Cheguei do outro lado.
Fiz toda a travessia só.
E vejo a distância percorrida sem nenhuma emoção.
Fui esvaziando os pesos, as tralhas, tudo que fui acumulando nesse tempo.
Fiz faxina para você chegar.
Comprei novas flores, me vesti de outras cores, abri todas as janelas, ouvi outras músicas, cantei com mais empolgação.
Me vi admirada por outras mulheres.
Mimada.
Senti a força de uma maneira tão natural.
Me peguei discutindo filosofia sem nenhuma pretensão.
Falei sobre Deus, deuses e deusas com um teólogo.
Me elogiaram a alma. A calma. A inteligência e a elegância do comportamento.
Fiquei sem graça.
Meus ouvidos queriam ouvir o que mais poderiam me ensinar.
Eu não falei quase nada, mas observei muito e me chamaram de analítica.
Não era isso.
Era um cuidado. Era um instinto de defesa para muita intimidade.
Nunca deixei de ser autêntica. Nunca desacreditei.
Eu apenas esperei o momento certo para me pronunciar.
E então me senti tão leve e tão liberta para apenas sorrir, viver e ser do jeitinho que sempre gostei.
Hoje eu sei de coisas que antes não sabia.
E mesmo assim, eu permaneço no lugar de onde eu nunca deveria ter saído.
É nele que eu sempre quero estar. Dentro do meu lugar de humanidade, consciência e com valores que são tão meus.
Porque não é sobre o outro que devemos debater, mas sempre sobre nós mesmos.
O outro é o outro. Mas o que pensamos ou falamos sobre o outro diz muito sobre nós mesmos.
Continuo firme nas minhas questões sobre verdade, sobre afeto, sobre agir com honestidade.
Nos tantos papéis que exercemos na vida, em todas as mulheres que sou e que você conheceu, não deixo dúvida em relação ao meu caráter.
Me coloco sempre que necessário.
Digo o que penso.
E ouço também.
Continuo firme nos meus propósitos.
Tenho uma vida rodeada por muita gente, mas são poucas as que frequentam a minha sala de estar e usufruem do meu precioso tempo.
O tempo que preencho com o que realmente me acrescenta coisas e momentos bons e claro, com pessoas que tenho apreço.
Perder tempo é perda de vida.
Amo viver.
E isso não mudou em nada.
Mas vivo com o cuidado de não machucar ninguém.
Vez ou outra, acontece, aí volto ao meu lugar de humanidade novamente.
Deixei de te olhar, ou no caso, de te ler com projeção.
O certo é certo, o errado é errado.
Mas entendo que quando estamos machucados, quando nosso buraco no meio do peito é grande, não ficamos muito preocupados com o entorno.
Por isso busco incessantemente estar bem comigo, escolher as minhas companhias, modular a minha energia, justamente para saber separar o que é meu e o que é do outro.
Quero ter o prazer e satisfação diárias de olhar no espelho e estar em paz com o que vejo além da aparência.
E assim sigo.
Sempre em frente.
Com os que estão afinados, alinhados, sintonizados...
É o que chamo de “seleção natural”, estar sempre junto daqueles em que ser quem sou não agrida e ao mesmo tempo não me limite.
São as escolhas que fazemos que vão definindo cada passo e direção.
Olho para trás somente para ver o quanto cresci e evoluí, o tempo cura, mas as velhas fórmulas já não me servem mais.
Hoje quando eu olhei em volta, nada me surpreendeu.
Eu apenas observei. E é engraçado, porque quando estou mais reflexiva, as pessoas acham que eu estou triste, mas não, de verdade, eu não estava triste.
Eu apenas não senti nada. E sem sentir nada, não emiti qualquer opinião.
Sim, normalmente eu opino, eu me coloco, mas de verdade, eu não tive vontade de opinar.
Eu apenas estava afastada.
Fisicamente, eu estava ali. Emocionalmente eu estava tão distante, e o mais incrível, eu observava o entorno e ao mesmo tempo a minha falta de emoção.
Ali percebi, o que era meu e o que era do outro.
E eu também não fiz questão de me conectar.
Na volta para casa, fui retornando até mim.
Uma música para desacelerar, dentro da velocidade local permitida, com a maquiagem ainda inteira.
Voltei para mim.
Para o meu refúgio.
Para o meu canto de paz no mundo.
Olhei as minhas flores, senti o perfume delas, fiz a oração que me acalma.
Um banho quente e bem demorado.
Um chá de melissa.
O aconchego de quem se abraçou antes de pegar no sono.
Aprendi com o sofrimento que nunca devo ter medo de perder alguém. O que devo temer, é perder a mim mesma.