fevereiro 08, 2021

Do meu jeito

 Cheguei do outro lado.

 Fiz toda a travessia só.

 E vejo a distância percorrida sem nenhuma emoção.

 Fui esvaziando os pesos, as tralhas, tudo que fui acumulando nesse tempo.

 Fiz faxina para você chegar.

 Comprei novas flores, me vesti de outras cores, abri todas as janelas, ouvi outras músicas, cantei com mais empolgação.

  Me vi admirada por outras mulheres.

  Mimada.

  Senti a força de uma maneira tão natural.

  Me peguei discutindo filosofia sem nenhuma pretensão.

  Falei sobre Deus, deuses e deusas com um teólogo.

  Me elogiaram a alma. A calma. A inteligência e a elegância do comportamento.

  Fiquei sem graça.

  Meus ouvidos queriam ouvir o que mais poderiam me ensinar.

  Eu não falei quase nada, mas observei muito e me chamaram de analítica.

  Não era isso.

  Era um cuidado. Era um instinto de defesa para muita intimidade.

  Nunca deixei de ser autêntica. Nunca desacreditei.

  Eu apenas esperei o momento certo para me pronunciar.

  E então me senti tão leve e tão liberta para apenas sorrir, viver e ser do jeitinho que sempre gostei.

  




  

  

fevereiro 04, 2021

Sobre tudo que eu quero que você saiba sobre mim

 Hoje eu sei de coisas que antes não sabia.

 E mesmo assim, eu permaneço no lugar de onde eu nunca deveria ter saído.

 É nele que eu sempre quero estar. Dentro do meu lugar de humanidade, consciência e com valores que são tão meus.

 Porque não é sobre o outro que devemos debater, mas sempre sobre nós mesmos.

 O outro é o outro. Mas o que pensamos ou falamos sobre o outro diz muito sobre nós mesmos.

 Continuo firme nas minhas questões sobre verdade, sobre afeto, sobre agir com honestidade.

 Nos tantos papéis que exercemos na vida, em todas as mulheres que sou e que você conheceu, não deixo dúvida em relação ao meu caráter.

 Me coloco sempre que necessário.

 Digo o que penso.

 E ouço também.

 Continuo firme nos meus propósitos.

 Tenho uma vida rodeada por muita gente, mas são poucas as que frequentam a minha sala de estar e usufruem do meu precioso tempo.

 O tempo que preencho com o que realmente me acrescenta coisas e momentos bons e claro, com pessoas que tenho apreço.

 Perder tempo é perda de vida.

 Amo viver. 

 E isso não mudou em nada.

 Mas vivo com o cuidado de não machucar ninguém.

 Vez ou outra, acontece, aí volto ao meu lugar de humanidade novamente.

 Deixei de te olhar, ou no caso, de te ler com projeção.

 O certo é certo, o errado é errado.

 Mas entendo que quando estamos machucados, quando nosso buraco no meio do peito é grande, não ficamos muito preocupados com o entorno.

 Por isso busco incessantemente estar bem comigo, escolher as minhas companhias, modular a minha energia, justamente para saber separar o que é meu e o que é do outro.

 Quero ter o prazer e satisfação diárias de olhar no espelho e estar em paz com o que vejo além da aparência.

 E assim sigo.

 Sempre em frente.

 Com os que estão afinados, alinhados, sintonizados...

 É o que chamo de “seleção natural”, estar sempre junto daqueles em que ser quem sou não agrida e ao mesmo tempo não me limite.

 São as escolhas que fazemos que vão definindo cada passo e direção.

 Olho para trás somente para ver o quanto cresci e evoluí, o tempo cura, mas as velhas fórmulas já não me servem mais.

 

 

fevereiro 03, 2021

 Hoje quando eu olhei em volta, nada me surpreendeu.

 Eu apenas observei. E é engraçado, porque quando estou mais reflexiva, as pessoas acham que eu estou triste, mas não, de verdade, eu não estava triste.

 Eu apenas não senti nada. E sem sentir nada, não emiti qualquer opinião.

 Sim, normalmente eu opino, eu me coloco, mas de verdade, eu não tive vontade de opinar.

 Eu apenas estava afastada.

 Fisicamente, eu estava ali. Emocionalmente eu estava tão distante, e o mais incrível, eu observava o entorno e ao mesmo tempo a minha falta de emoção.

 Ali percebi, o que era meu e o que era do outro.

 E eu também não fiz questão de me conectar.

 Na volta para casa, fui retornando até mim.

 Uma música para desacelerar, dentro da velocidade local permitida, com a maquiagem ainda inteira.

 Voltei para mim.

 Para o meu refúgio.

 Para o meu canto de paz no mundo.

 Olhei as minhas flores, senti o perfume delas, fiz a oração que me acalma.

 Um banho quente e bem demorado.

 Um chá de melissa.

 O aconchego de quem se abraçou antes de pegar no sono.

  

 

 

fevereiro 01, 2021

 A gente vai aprendendo a deixar de lado toda a problemática.

 E quando não se sabe ser colo, recebe o colo.

 Quando não se sabe ser segurança, recebe a confiança.

 Nos movimentos entre o dar e o receber.

 No equilíbrio entre as polaridades.

 


janeiro 30, 2021

Sensível demais

 Perdoa a minha falta de habilidade quando se trata de assuntos que envolvem sensibilidade.

Meu traquejo é outro.

Para tudo que se refere à sensibilidade, eu mesma não dou conta de mim.

Mas estamos trabalhando, Dr Alessandro e eu, nos vemos religiosamente às 10, toda quarta-feira.

Quando consigo dividir o meu tanto, fica tudo mais leve.

Sempre tenho lenços. 

Sempre um copo d’água.

Sempre me desidrato.

Dói. Choro.

Alivia e clareia o pensamento.

Quando me tornei mais sensível, a vida bateu forte na minha face, me pedindo para acordar.

Foi um despertar diferente.

Foi horrível, não nego.

Eu que sempre gostei de amanheceres, com ânsia de viver, passei a desprezar esse momento.

E me tornei uma apreciadora de entardeceres.

O entardecer sempre me mostrou que venci mais um dia e que curar a dor é só uma questão de tempo.



janeiro 27, 2021

E se acabar o chocolate?

Medo.

Ele te sufoca.

Te faz diminuir a velocidade.

Te tira a voz.

E se acabar o vinho?

E se acabar a relação?

E se acabarem os recursos? 

E se acabar a vida? 

E se acabar o chocolate? 

 Aprendi com o sofrimento que nunca devo ter medo de perder alguém.  O que devo temer, é perder a mim mesma.