Jung é mesmo foda!
Quando você mergulha no seu inconsciente eis que surge a consciência.
Já tive tanta pressa.
Já corri tanto.
Na ânsia de buscar não sei o que e ir para não sei onde.
Meus passos sempre caminhavam com outros
O objetivo era “caminhar junto”.
Até que um dia, eu fiquei para trás.
Olhando de longe, sem ao menos me despedir direito, vi tudo se perder e se distanciar.
E então pude compreender que não devo mudar meu caminho para acompanhar os outros.
Todo “caminhar junto” deve ser espontâneo, leve e alegre.
Deve proporcionar prazer a quem caminha e também a quem acompanha.
O que por muitas vezes, não necessita de grandes roteiros
Hoje dou os meus próprios passos sem me preocupar se há um acompanhante ou não.
Aprendi a apreciar sozinha cada detalhe, cada tempo que tenho na minha própria companhia…
Aprendi a viver de uma maneira mais contemplativa.
Sem precisar correr, tive mais clareza para ver novas possibilidades.
Agora vou mais devagar, aprecio o caminho de maneira intensa e inteira.
Sem correr ou sem me demorar, vou no meu tempo, com meus passos, no meu próprio ritmo.
E o fato de não ter a ansiedade de chegar, conheço enfim outros cenários e paisagens, que me enchem de energia boa instigando outros a me seguir.
O medo de amar é totalmente justificável por tudo que você já viveu.
Mas ele é totalmente injustificável com tudo aquilo que você pode viver.
Ainda que você mergulhe fundo no oceano, ainda sim, estará consigo mesma.
É claro que tenho muita consideração à você e seus diálogos.
Respeito sua experiência, seus apontamentos, enfim, respeito e pago por isso.
Mas decido sozinha sobre as minhas ações, independente do seu julgamento.
Faço terapia desde muito tempo, com abordagens diferentes, psicologia positiva e técnica cognitiva comportamental, aí me assusto com Jung.
Tenho anotado meus sonhos e não sei se quero uma análise.
E não adianta, você e sua parafernália toda não me dirão quem sou, pois de verdade, eu já descobri.
Não ria. E outra, isso não é um circo e nem uma batalha.
Me deixe à vontade para me manter tranquila no sofá da sala.
Me conte como foi que você chegou neste ponto…
Eu não espero mais respostas de ninguém, nem do meu terapeuta.
Não importa se ainda falta muito para percorrer.
Temos a péssima tendência de olhar somente o que falta, desprezando tudo que já fizemos.
Cada passo dado conta como um avanço na nossa história.
Gosto da vida assim, sem grandes batalhas.
Há quem nos faça crer que tudo é tão difícil, quando na verdade, difícil são as guerras internas delas mesmas.
Há também quem nos faça crer que tudo pode ser mais fácil, essas pessoas nos facilitam e harmonizam a nossa vida com afeto.
Ter discernimento ao lado de quem queremos estar é uma escolha que diz muito sobre o nosso momento de vida também.
Podemos mostrar pontos de vista diferentes? Com toda certeza.
Insistir em tornar a vida de alguém mais feliz, jamais.
O vento soprava forte, mas o sol aquecia a pele num canto descoberto.
Eu corei de calor e pela quantidade de perguntas.
O verde era tudo que a vista alcançava ao longe.
O álcool subia, na mesma medida que os assuntos aumentavam.
O álcool anestesiava, aliviava e trazia um certo entendimento de tudo, da vida, do tempo, do que preciso viver.
Somos um tanto ocupados com a vida que decidimos ter.
Somos estáveis. Financeiramente, emocionalmente e tudo mais.
Somos belas personas, com muito assunto em comum.
Dos meus defeitos todos, você sabe, a paciência não é o meu forte.
Aprendi a não demonstrá-la, por força do cargo.
Uma plenitude externa e uma impaciência interna.
Organizei o meu caos. Você chegou e já estava tudo arrumado.
Eu já me encontrava mais serena e conformada.
Cansada. Mas ainda assim equilibrada.
Gosto de brindar meus progressos, mesmo que não tenha nenhum significado para ninguém.
Só eu sei de tudo que passei até chegar aqui.
Enfim dei adeus à aquela que eu pensava querer ser para finalmente dar lugar à mulher que me sinto mais confortável em ser.
O momento em que percebi que o amor próprio gritava cheio de dores e vontades, foi também o momento que descobri quem verdadeiramente sou.
Precisei passar pelo caos para ter um maior entendimento sobre mim.
A vida fez a sua jogada, agora é o meu movimento.
Respiro com calma e com alma.
Porque embora a cidade me apresse, estou centrada.
Nada e nem ninguém me distrai.
Do que sou, do que preciso fazer, do que preciso entregar…
Respiro profundamente pelo menos umas cinco vezes e já sinto um alívio dos pesos.
A vida não me deu essa opção, mas foi uma escolha que fiz.
Sei que as vezes vou na contramão do que todo mundo acredita.
E para todos aqueles que desacreditaram, está tudo aí.
Para provar algo?
Nada mais do que pra mim mesma!
Fui encontrando nas palavras as minhas respostas.
Sim, elas me encontram e me encontro nelas.
É com elas também que toco as outras pessoas.
E claro, já me tocaram também.
Mas o que são palavras senão nosso sentimento escrito?
Escrevo quando estou perdida, iludida e desiludida.
Escrevo para revisitar meus momentos.
Escrevo pelo prazer de colocar um pouco da minha sensibilidade para fora, para não me sufocar nela.
Escrevo por alívio.
Escrevo para diluir mágoa.
Escrevo feliz e em busca de mais felicidade.
Desde sempre gosto de palavras e dos seus significados.
Desde muito cedo gosto de livros.
E aprendi a ser como eles, abertos…
Embora poucas pessoas me saibam ler.
Neste mundo que não é o meu, mas que circulo, percebo nas entrelinhas o não dito.
Percebo a energia local.
Mas sigo.
Com atenção ao meu ambiente, ao desenvolvimento, a chegar de fato a lugares nunca alcançados.
Me faz bem ver outros brilharem.
Me faz bem pensar que de alguma maneira eu colaborei para outra pessoa ser mais feliz.
Quando consigo tirar as pessoas de onde elas estão, por um minuto, por um momento e mostrar que existe um outro lugar, um lugar que elas podem chegar, um lugar onde elas possam realmente se olhar e saber que são capazes.
É isso que me traz a força que preciso para enfrentar os meus desafios. E vencê-los. E ver a evolução de um ser que ele próprio subestimava.
Escrevo.
Escrevo para digerir as minhas próprias palavras.
Escrevo por necessidade.
Escrevo para me ler, me sentir e assim sentir o mundo a minha volta.
Escrevo para não me desesperar quando as coisas não saem exatamente como eu quero.
Escrevo pelo simples prazer de saber que vivo.
Escrevo sem pretensão e por ser só e para mim, escrevo sem filtros, sem objetivos, sem nenhuma necessidade da exposição.
Escrevo para ser alguém mais simples, mais leve, mais fácil de se compreender.
Escrever me humaniza.
Aprendi com o sofrimento que nunca devo ter medo de perder alguém. O que devo temer, é perder a mim mesma.