fevereiro 05, 2019

Se eu soubesse que iria morrer...

Se eu soubesse que iria morrer eu simplesmente iria parar de querer tudo para ontem e viveria o que me resta sem tanta ansiedade.
Faria apenas coisas prazerosas, as palavras seriam mais brandas e consequentemente os dias seriam mais leves.
Terminaria de ler os livros que ainda estão em menos da metade.
Ouviria mais as músicas que gosto.
Organizaria a vida de modo que tudo ficasse redondinho para gerar o menor esforço e o mínimo de trabalho para os outros.
Faria uma limpeza nos meus "caderninhos", tem muita bobagem que escrevi nem sei quando e porque.
Arrumaria as gavetas para que ficasse uma boa lembrança e comentários depois de..."nossa, como ela era organizada!"
Eu iria elaborar uma lista de doações, distribuindo "partes" de mim para as devidas pessoas, eu vejo que minha casa hoje é a junção de todos que acrescentaram algo para minha vida.
Eu pediria desculpas à quem magoei, e tenho certeza de que também receberia pedidos de perdão.
Iria passar uns dias com meus pais, e neste período eu seria mais filha do que um dia fui.
Eu pediria para o meu filho dormir mais vezes na minha casa e que ficássemos na cama rindo e lembrando de bobagens.
Agradeceria meus irmãos de sangue e da vida.
Ao pessoal do trabalho, "passaria" os meus melhores clientes para quem acho que merece.
Eu iria meditar diariamente para depurar os sofrimentos que me causaram e que eu muitas vezes não consegui dissolver.
Algumas pessoas eu procuraria para um acerto rápido e outras eu deixaria pra lá.
Conversaria com Deus, pois tudo é conforme a sua vontade e seria um pouco mais humilde em aceitar o que me foi reservado,
Viajaria, tomaria mais sol, mais banhos de mar, me encostaria mais junto de você, sentido seu cheiro, que é tão bom!
Pegaria mais na mão, beijaria mais seu rosto, olharia mais seus olhos...
Diria que você apesar de todas as restrições foi a pessoa com quem fui mais verdadeira, mais certa, mais errada, mais chata, mas ainda assim, fui mais amada.
E aí sim eu morreria feliz da vida!

janeiro 14, 2019

Você riu da minha insegurança.
E eu chorei pela sua insensibilidade.

Qual é o seu objetivo?

Sobre os acasos da vida que em determinado momento não sabemos o que fazer, por outra obra do "acaso" eis que surge a pergunta:
_ Qual é o seu objetivo?
Necessário e bastante providencial saber.
Sinto falta de suas delicadezas, lugar que agora é ocupado pelo ódio, crítica e dureza.
Sinto em ver no que transformamos um sentimento tão bonito, verdadeiro, alegre, sensível...
Sinto por tudo e pela maneira como as coisas mudaram, como a generosidade ficou pequena perto da grandeza que somos nós.
Hoje quando fui questionada a respeito dos meus objetivos me passou um filme na cabeça. Eu sempre tive tantos e os persegui com muita coragem.
Hoje eu só quero retomar e prosseguir, da maneira mais pura que só o amor proporciona, sem machucar, sem ofender, apenas sendo AMOR.

janeiro 02, 2019

Mudança

Ao amor que vivi, resta-me a gratidão.
Por tudo que espontaneamente fui, mesmo que nem sempre agradável.
Por toda lucidez que me trouxe, depois de viver muita fantasia.
Pelos grandes goles que bebi sem me atentar às consequências.
Eu diminuí a distância quando te mantive dentro do meu coração o tempo todo.
Eu ignorei qualquer sinal quando o que eu mais queria era sentir você nos meus braços novamente.
Eu relevei, fingi não sentir, eu empurrei com a barriga o que eu não podia suportar até o dia em que emagreci e não tinha mais barriga para empurrar.
Eu me fiz de cega, surda e muda.
Até o dia em que não pude mais ver, ouvir ou falar.
Eu amei muito e sempre, mesmo na dúvida, eu amei.
Mesmo que empaticamente eu tentasse entender as razões pelas quais as coisas continuavam da mesma maneira, uma voz sempre me dizia que o tempo estava passando e que nada havia mudado.
Resistimos aos altos e baixos. Fomos e voltamos, fizemos acordos e desfizemos, nossos planos nunca tiveram a consistência que eu esperava, mas o que eram planos perto de todo carinho que eu recebia?
De repente fui avaliando através de menos poesia e mais realidade e a dor de me sentir "mais uma" foi dilacerante.
Daí para a frente foi uma questão de sobrevivência e auto respeito e foi neste momento que compreendi que a gente abre mão sim de quem a gente ama, porque a dor de ter fragmentos é maior do que nada.
Aí vão te falar que você tinha tudo, mas nunca se colocaram no seu colocar para saber exatamente o que de verdade você queria, que tipo de dor você sentia ou no mínimo o tipo de acordo nós faríamos.
A mim nunca houve outra opção senão amar, mesmo não sendo exatamente da maneira que eu gostaria, mas da maneira possível, da maneira que eu sobe, meio sem jeito com as palavras, mas sempre com o maior amor do mundo.
Me desculpe por desistir de você, mas de verdade nunca senti que a situação fosse realmente mudar, então quem teve de mudar fui eu.
As verdades que contamos a nós mesmos, são também aquelas em que gostaríamos que fosse realidade.
É mais fácil e confortável o auto engano, pois o confronto nos fere e automaticamente também fere o outro.
Mas se é a verdade que busco, não deveria ser eu o primeiro a expô-la?
E como dói dizer e também ouvir algumas verdades...
Porque o que a gente quer sempre é um caminho tranquilo, sem grandes mudanças, sem grandes conflitos, mas esses caminhos nem sempre estão alinhados aos nosso querer.
Querer sem culpa o que merecemos, querer sem medo o que sonhamos um dia, querer sem medidas e receber sem restrições.

dezembro 31, 2018

2018- o ano em que sobrevivi a mim mesma

O ano em que sobrevivi, foi sem dúvida nenhuma o ano em que mais sofri na vida.
Mas também foi um ano em que voltei para o patamar dos humanos e me tirou do lugar de heroína, salvadora da pátria, de mulher assertiva, bem resolvida e feliz.
O que me fez mais humilde, menos positiva e mais pé no chão.
Voltei a ter um olhar mais cético e racional. Isso é bom ou ruim? Ainda é cedo para avaliar.
Deixo hoje todo esse lixo que me despejaram para trás.
A faxina segue forte, isso inclui coisas e pessoas.
Chega de insistir nos erros, chega de não enxergar os sinais, chega de querer o mundo ideal...
As coisa são como são e as pessoas são o que elas escolhem ser.
Eu escolho me curar.
Escolho me dar colo e ser paciente comigo quando precisar, tanto quanto sou com as pessoas que eu amo.
Eu escolho me amar mais, muito e sempre, para que eu não aceite nada menos do que mereço.
Eu escolho confiar totalmente na minha intuição e não menosprezar o que vem de dentro, pois a coisa mais comum nos tempos atuais é gente dissimulada.
Escolho sorrir mais, mesmo que sem muito entusiasmo.
Escolho ser sempre eu mesma, com minhas dores e delícias.
Escolho não abrir mão dos meus sonhos e anseios, por quem quer que seja.
Escolho uma vida mais equilibrada, sem tanta emoção, mas com uma dose calculada de decepção.
Porque decepção este ano bateu todos os anos anteriores.
Me perdoo por todas as dúvidas que tive, elas me fizeram entender que eu tinha certezas demais.
Me perdoo por me tratar de maneira tão negligente e por me perder...
Meu maior desafio para o próximo ano será me reencontrar.

Tenho ouvido tudo isso que normalmente as pessoas dizem...
"Nada é por acaso", "tudo é aprendizado", "que bom que passou", "vai dar tudo certo".
Mas isso tudo me cansa, já não bastasse o cansaço das coisas, ando cansada das pessoas.
Não sinto sinceridade e consistência, pelo menos não como eu gostaria e espero.
Eu acredito que a sinceridade evita a perda de tempo e também evita da gente se sentir idiota, porque pelo menos à isso deveríamos poder escolher, fazer ou não papel de idiota.

Da ternura que um dia tive hoje sobrou muito pé no chão. Da amorosidade estampada nos meus olhos, ficaram rastros que passeiam vez ou outra....