janeiro 02, 2019

Mudança

Ao amor que vivi, resta-me a gratidão.
Por tudo que espontaneamente fui, mesmo que nem sempre agradável.
Por toda lucidez que me trouxe, depois de viver muita fantasia.
Pelos grandes goles que bebi sem me atentar às consequências.
Eu diminuí a distância quando te mantive dentro do meu coração o tempo todo.
Eu ignorei qualquer sinal quando o que eu mais queria era sentir você nos meus braços novamente.
Eu relevei, fingi não sentir, eu empurrei com a barriga o que eu não podia suportar até o dia em que emagreci e não tinha mais barriga para empurrar.
Eu me fiz de cega, surda e muda.
Até o dia em que não pude mais ver, ouvir ou falar.
Eu amei muito e sempre, mesmo na dúvida, eu amei.
Mesmo que empaticamente eu tentasse entender as razões pelas quais as coisas continuavam da mesma maneira, uma voz sempre me dizia que o tempo estava passando e que nada havia mudado.
Resistimos aos altos e baixos. Fomos e voltamos, fizemos acordos e desfizemos, nossos planos nunca tiveram a consistência que eu esperava, mas o que eram planos perto de todo carinho que eu recebia?
De repente fui avaliando através de menos poesia e mais realidade e a dor de me sentir "mais uma" foi dilacerante.
Daí para a frente foi uma questão de sobrevivência e auto respeito e foi neste momento que compreendi que a gente abre mão sim de quem a gente ama, porque a dor de ter fragmentos é maior do que nada.
Aí vão te falar que você tinha tudo, mas nunca se colocaram no seu colocar para saber exatamente o que de verdade você queria, que tipo de dor você sentia ou no mínimo o tipo de acordo nós faríamos.
A mim nunca houve outra opção senão amar, mesmo não sendo exatamente da maneira que eu gostaria, mas da maneira possível, da maneira que eu sobe, meio sem jeito com as palavras, mas sempre com o maior amor do mundo.
Me desculpe por desistir de você, mas de verdade nunca senti que a situação fosse realmente mudar, então quem teve de mudar fui eu.

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