Um cansaço.
Melhor resumir: estou cansada.
Do que tento explicar, do que tento descobrir os porquês, apenas repeti: estou cansada.
Gosto de não explicar tanto. As muitas perguntas me cansam também!
Mas compartilhar é também se livrar de alguns pesos.
Com o tempo fui aprendendo a comunicar ou não os meus desconfortos.
Sensibilidade demais.
Percepções demasiadamente assertivas e previsões certeiras.
Sou boa em conexões.
Não porque desenvolvi uma habilidade, mas porque finalmente descobri o que chamavam de especial.
Nunca consegui compreender o que havia de tão especial.
E então você me coloca na frente de um espelho de dois metros por um e diz: olhe-se.
E foi aí que me dei conta de quem sou.
Sempre anota as coisas? Sempre! Desde sempre!
E então começamos a compreender o que se esconde por trás do cansaço.
E fomos dando nome aos bois.
Olhe-se no espelho de novo.
E lá fui eu de novo, ainda estranhamente desconfiada, fiquei um tempo maior e olhei tudo, cada milímetro, como uma grande novidade.
Insights.
Lembranças.
Pessoas.
Olhe-se mais um pouco.
O caminho.
As crenças.
A falta total de paciência.
E pela última vez você repetiu: olhe-se!
E então eu respirei bem fundo, já impaciente e ansiosa pela sua resposta. Afinal de contas, você já sabe me ler.
“Cris, por favor, olhe-se mais no espelho!”