Deixei de gritar desde que não me senti ouvida.
Agora falo baixinho, quem quiser ouvir que se aproxime.
Minha vida é toda voltada para fora, então quando posso eu me volto para dentro.
É uma necessidade.
Sob o tapete marron e através de cortinas verdes, é esse o meu olhar da janela.
Meus olhos se perdem no horizonte que mistura o céu azul de um outono frio, mas ensolarado.
O cheiro do mato, da grama, da terra, dos eucaliptos.
A temperatura queima a minha pele e me arrepiam os pelos.
O som do nada, o som do silêncio.
Estar comigo é um presente que me dou vez ou outra quando a rotina não me massacra.
Saio do automático para simplesmente estar na minha própria companhia, inteira.
Não falo mais em mudança.
Mudança sempre me causa um pouco de ansiedade.
Agora substituí essa palavra por movimento.
Movimento gera fluxo.
Movimento é mais natural.
Faz parte da vida.
Como disse Lulu: tudo muda o tempo todo no mundo.
Aprendi com o sofrimento que nunca devo ter medo de perder alguém. O que devo temer, é perder a mim mesma.