Eu concordo com você.
Eu sou muito ausente fisicamente.
Mas quando eu estou presente, eu estou totalmente presente.
Eu já estive ao lado de algumas pessoas e ainda assim me senti só.
Por isso considero ausência algo muito subjetivo.
Minha vida é toda voltada para fora, então quando posso eu me volto para dentro.
É uma necessidade.
Sob o tapete marron e através de cortinas verdes, é esse o meu olhar da janela.
Meus olhos se perdem no horizonte que mistura o céu azul de um outono frio, mas ensolarado.
O cheiro do mato, da grama, da terra, dos eucaliptos.
A temperatura queima a minha pele e me arrepiam os pelos.
O som do nada, o som do silêncio.
Estar comigo é um presente que me dou vez ou outra quando a rotina não me massacra.
Saio do automático para simplesmente estar na minha própria companhia, inteira.
Não falo mais em mudança.
Mudança sempre me causa um pouco de ansiedade.
Agora substituí essa palavra por movimento.
Movimento gera fluxo.
Movimento é mais natural.
Faz parte da vida.
Como disse Lulu: tudo muda o tempo todo no mundo.
Cada canto tem minha marca.
Tudo em seu lugar.
E tudo me entrega.
Tudo tem um significado.
Tem meu cheiro.
Tem meu gosto.
Tem as minhas preferências.
Tem segredos que guardo só para mim.
Tem minhas gavetas, ora organizadas, ora com seleção de cores, ora com excessos.
Curei minhas insônias com chás, paz e meu mais recente presente, um jogo de lençóis de 300 fios.
A angústia não aparece somente quando estamos só. A angústia muitas vezes aparece quando há muita gente por perto. Quando mesmo com muita...