Me tornei mais assertiva ao assumir todas as minhas decisões erradas.
Escolhas ruins me trouxeram um aprendizado imensurável.
Deixar para depois ou empurrar com a barriga, já me custou muito.
Então arregaço as mangas e realizar é algo que gosto de fazer, de peito aberto, com muito espaço e sem resistência.
O conforto toma conta.
Agora e não depois.
Aproveitar a energia e ir de cabeça no que realmente importa.
Sem distrações. Sem distratores.
Sair da inércia e ter a sensação de ter avançado quebram todas as minhas crenças de um dia ter tido medo de começar.
A heroína que há em mim derruba o vilão da inércia.
Esperança não é uma estratégia.
Sorte não é um fator.
Medo não é uma opção.
Foi.
Fui.
Ninguém pode falar tão bem sobre nós do que aqueles que nos conhecem.
É como um raio X na alma, em que decifram nossas falas e pensamentos.
As mudanças são sempre percebidas, se canto mais ou se canto menos também.
A vida gira.
E com ela giram também os movimentos.
Nunca temi nenhum deles, mas fiquei um tempo elaborando de maneira mais tranquila os novos passos que eu poderia dar.
Ouvi meus chamados: volte.
E então pude novamente olhar no espelho aquela mulher que um dia deixei para trás.
Vi certa descrença em seus olhos.
Não sei ao certo nomear a emoção que senti.
Mas senti, e sempre sinto muito.
Muito mais do que gostaria. Muito mais do que expresso. Muito mais do que digo ou não.
Senti a lágrima escorrer pelo canto dos olhos. Não era tristeza, era o alívio de saber que ainda sinto.
Congelei tudo por um tempo.
Palavras, gestos, prazeres, afetos.
Acreditei que poderia viver sem eles e de fato consegui por um tempo.
Ser quem não sou custou-me muita insônia, falta de energia e alguns quilos a mais.
Dói não conseguir confiar.
Dói a descrença.
Dói a sensação de sempre se segurar para não se expressar.
Agora com os cômodos arrumados, volto a circular pela casa com gestos mais leves.
Hoje cuidei das minhas plantas como há muito não fazia.
Organizei meus armários, me desfiz dos excessos.
Acendi vários incensos.
Cozinhei e comi com prazer.
Tudo se reorganizou.
O aroma era de alecrim, analgésico suave já que não estou bebendo.
Hoje me embriaguei mesmo de presença, de cantos, de músicas, de velas, de boas palavras que ouvi e ofereci.
Estou de volta.
Já estava com muita saudade desta pessoa que gosto de fazer companhia, mimar, acariciar e ouvir.
Saudade deste self.
Vou no ritmo. Vou deslizando e ouvindo “Movimento de Primavera”.
Fiz um chá.
Savoring.
Savoring.
Savoring.
Estou de volta.
Voltei.
Sempre entreguei meu coração e depois esperei a lealdade.
Hoje primeiro me entreguem a lealdade, que depois entrego meu coração.
Aprendi com o sofrimento que nunca devo ter medo de perder alguém. O que devo temer, é perder a mim mesma.