março 13, 2022

março 06, 2022

Movimentos

 A vida gira. 

 E com ela giram também os movimentos.

 Nunca temi nenhum deles, mas fiquei um tempo elaborando de maneira mais tranquila os novos passos que eu poderia dar.

 Ouvi meus chamados: volte.

 E então pude novamente olhar no espelho aquela mulher que um dia deixei para trás.

 Vi certa descrença em seus olhos.

 Não sei ao certo nomear a emoção que senti.

 Mas senti, e sempre sinto muito.

 Muito mais do que gostaria. Muito mais do que expresso. Muito mais do que digo ou não.

 Senti a lágrima escorrer pelo canto dos olhos. Não era tristeza, era o alívio de saber que ainda sinto.

 Congelei tudo por um tempo.

 Palavras, gestos, prazeres, afetos.

 Acreditei que poderia viver sem eles e de fato consegui por um tempo.

 Ser quem não sou custou-me muita insônia, falta de energia e alguns quilos a mais.

 Dói não conseguir confiar.

 Dói a descrença.

 Dói a sensação de sempre se segurar para não se expressar.

 Agora com os cômodos arrumados, volto a circular pela casa com gestos mais leves.

 Hoje cuidei das minhas plantas como há muito não fazia.

 Organizei meus armários, me desfiz dos excessos.

 Acendi vários incensos.

 Cozinhei e comi com prazer.

 Tudo se reorganizou.

 O aroma era de alecrim, analgésico suave já que não estou bebendo.

 Hoje me embriaguei mesmo de presença, de cantos, de músicas, de velas, de boas palavras que ouvi e ofereci.

 Estou de volta.

 Já estava com muita saudade desta pessoa que gosto de fazer companhia, mimar, acariciar e ouvir.

 Saudade deste self.

 Vou no ritmo. Vou deslizando e ouvindo “Movimento  de Primavera”.

 Fiz um chá. 

 Savoring.

 Savoring.

 Savoring.

 Estou de volta.

 Voltei.

 

 

 

 Sou mimada.  Se quero algo, farei de tudo para conseguir.  Se não depender de mim, esperarei você me dar.  Se te demoras, você pode até me ...