Sem saber, fizeste de mim um ser melhor.

 Mais paciente, mais tranquila e então pude nomear todas as minhas emoções.

  Sem saber, tocou-me com toda a delicadeza que somente alguns seres sabem. Tocou-me com todo o cuidado para que minhas feridas não sangrassem novamente. 

  Mostrou-me novos caminhos, uma nova eu.

  Me fez crer que antes de conhecer qualquer pessoa, que eu me conhecesse um pouco mais, que me amasse mais, ao ponto de amar apenas quem me ama.

  Trouxe-me novas reflexões , trouxe-me novos ares.

  E só a partir de tudo que conheci, pude então me encontrar, para então ter novos encontros.

  Lembro-me sempre das suas falas, elas ecoam dentro dos meus ouvidos, em cada ação, em cada decisão…

  A vida não se tornou cor de rosa, mas quando ela fica cinza sei como enfrentá-la.

  Espelho? Apenas o da minha casa.

  

 

 Sem nenhuma necessidade de ter razão, sigo.

 Quero apenas ser feliz.

 Vamos beber o que estava reservado para uma ocasião especial.

 Mas hoje é uma ocasião especial?

  “Uma ocasião especial” é qualquer ocasião à qual a alma esteja presente.

Você é imensa.

 Você é isso tudo aí.

 É as escolhas que fez e as indecisões também.

 É a doçura e é o amargor.

 Você é tudo que te levou para a frente e tudo que deixou para trás.

 É a soma do que viveu, ouviu, ignorou e do que poderia mas não quis, ou não pode ou simplesmente deixou pra lá.

 Você é a soma dos seus sucessos e dos seus fracassos.

 É a oportunidade que aproveitou e a que deixou passar.

 É o que sonhou e realizou e é também o que arquivou na memória.

 Você é a soma de todos os seus sorrisos.

  De todo o seu pranto sentido, aquele choro soluçado, que dói a cabeça até adormecer.

 Você é a construção e também a demolição. 

  É paz, é furacão…

  Você é um pouco de quem esteve perto e também de quem esteve longe.

  É aconchego e também distância.

  Você é imensa e também pequena.

  Mas ao saber-se várias e vasta, compreende que ainda sendo muitas, sua alma é para poucos.

 Gosto de ser singular.

 Mas também posso ser plural.

 Respeitar que tudo muda.

 Respeitar o limite do outro.

 Não mergulhar se o outro quer se molhar até a cintura.

 Permanecer na margem até encontrar alguém disposto a atravessar ondas, fortes ou mansas.

 Ter e dar a liberdade que todos nós precisamos.

 Prender-se apenas por vontade própria.

 Compartilhar momentos. A vida, a rotina e tudo mais, só quando houver trocas reais e verdadeiras.

 Revisitar as memórias existentes dentro de mim e celebrar os afetos.