Quando você reconhece o valor do outro, você aumenta o seu valor.

Só podemos ver aquilo que já existe em nós.

Eu vou me lembrar destes dias de faltas e excessos quando a vida voltar ao “normal”.

Sim eu bebi.

Sim eu não entendo.

Sim eu estou bêbada.

Sim eu queria saber qual é a necessidade que a gente tem de ficar expondo o que sente se tudo isso não nos leva a lugar algum.

Sim eu te acho conflituoso.

Sim eu sei o que vai te curar.

Sim eu penso muito em você.

Sim eu quero pensar menos.

Sim eu te acho muito louco e sim eu amo sua loucura.

Sim eu sou uma tonta, mas eu sei que você também é.

Sim, somos seres estranhos.

Sim, eu nunca amei ninguém assim.

Sim eu vou beber mais até parar de doer.

Eu agradeço a tua paciência comigo, enquanto uns me tiram, você me traz.

Agradeço seu cuidado em me deixar e me manter sã, enquanto o mundo está enlouquecendo.

Eu agradeço por você tomar a frente das coisas, enquanto muitos eu atropelei.

Agradeço sua gentileza em me manter serena, equilibrada e segura.

Eu não prometo nada à você e também não quero que faça nada.

Apenas viver um dia de cada vez.

Se hoje foi bom, amanhã com certeza teremos boas lembranças.

Canção da plenitude

Não tenho mais os olhos de menina
nem corpo adolescente, e a pele
translúcida há muito se manchou.
Há rugas onde havia sedas, sou uma estrutura
agrandada pelos anos e o peso dos fardos
bons ou ruins.
(Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.)

O que te posso dar é mais que tudo
o que perdi: dou-te os meus ganhos.
A maturidade que consegue rir
quando em outros tempos choraria,
busca te agradar
quando antigamente quereria
apenas ser amada.
Posso dar-te muito mais do que beleza
e juventude agora: esses dourados anos
me ensinaram a amar melhor, com mais paciência
e não menos ardor, a entender-te
se precisas, a aguardar-te quando vais,
a dar-te regaço de amante e colo de amiga,
e sobretudo força — que vem do aprendizado.
Isso posso te dar: um mar antigo e confiável
cujas marés — mesmo se fogem — retornam,
cujas correntes ocultas não levam destroços
mas o sonho interminável das sereias.

Do livro "Secreta Mirada", Editora Mandarim - São Paulo, 1997, pág. 151.

Lya Luft

Gosto de palavras na cara. De frases que doem. De verdade ditas (benditas!). Sou prática em determinadas questões: ou você quer ou não.

Rachel de Queiroz

Estamos todos nos questionando sobre o porque disso tudo.

O tempo em que estamos “parados”, nos permite uma avaliação do quadro geral.

Como andam todas as áreas da minha vida?

O que posso fazer melhor?

Do que preciso abrir mão?

Qual o propósito?

Tenho dormido bem? Me alimentado bem?

Como estão as minhas emoções? Quais são as minhas necessidades?

Quem são as pessoas que estão comigo neste momento?

Quem eu quero manter e de quem eu abro mão?

Qual o teor dos meus diálogos? Externos ou internos...

Que tipo de vida eu quero levar quando tudo isso passar?

Fato é que, jamais seremos os mesmos.